Todas as pessoas têm a sua história. Todas as pessoas têm pequenos pedaços de histórias com que vão delineando as suas vidas. Todas as pessoas têm a sua própria agulha... aquela com que costuram as linhas da sua vida. Eu tenho uma história, construída de vários pedacinhos de histórias da minha vida. Alguns pedacinhos não são lá muito bonitos, mas sem eles a minha história estaria incompleta por completo!! Conseguem imaginar uma manta de retalhos? Lindas, não são? É assim que quero que imaginem a história da minha vida.
Neste momento, as pessoas que por aqui passam vão poder pegar num retalho da minha vida e admirá-lo, como eu o admiro!
No âmbito da campanha "ajude a tornar o mundo cheio de momentos de infância felizes" , lançada pelas Aldeias S.O.S., como não podia deixar de ser, eu participei com o meu testemunho de "momento de infância feliz"
Este foi o retalho que alterou o rumo da minha vida:
"O meu momento de infância feliz?? É simples!! Foi no dia 2 de Outubro de 1986... Tinha eu 8 anos. De tão pequenina [ainda hoje com 30 (e quase cinco) continuo pequenina], eu nem sabia que no mundo existiam maternidades como aquela. Onde os filhos já nascem crescidos e as mães dão à luz com o coração. Mais do que isso, amam-nos como se tivéssemos saído da sua própria barriga. E o mais incrível no meio disto tudo, é que os filhos podem chegar à maternidade antes das mães, até mesmo antes da maternidade abrir!! [mas que raio de conversa é esta - pensam alguns de vocês]!!
Pois é... facto, facto, é que aconteceu comigo! Depois de alguns retalhos da minha vida menos bonitos, finalmente tinha encontrado um pedaço lindo para juntar à minha 'manta'!!
No dia 1 de Outubro de 1986 fiz uma viagem [lembro-me como se fosse ontem] de Peniche até à Guarda a caminho da tal maternidade. Sentia ansiedade, muita muita ansiedade e na minha cabeça de menina todos os pensamentos voavam a mil. O que eu sabia é que ia ter uma mãe... Caramba, uma mãe!!
Finalmente, tínhamos chegado à tal maternidade onde se dá à luz com o coração. Do lado esquerdo estavam erguidas 3 casinhas. E a única coisa que me lembro de ter pensado na altura foi: "que casinhas tão bonitas" [é que vocês não sabem mas, até então, eu nunca tinha vivido numa casa a sério, mas a barraca onde vivi até era bem fixe porque tinha cortinas penduradas a fazer de paredes interiores e assim eu tinha um quarto só para mim!! :P]!!
Nessa noite fiquei em casa dos "senhores que estavam a tomar conta da maternidade" porque a minha nova mãe ainda não tinha chegado...
Acreditam que nessa noite nem consegui dormir?? Ah pois é!! Na minha cabecinha de menina voavam estrelas e mais estrelas. E em cada uma delas eu imaginava o rosto da minha nova mãe... Foi assim até de manhã e, com o nascer do sol, a maior estrela do universo, eis que ela chega. De sorriso nos lábios e de braços abertos para me acolher. Algo me empurrou até aos braços dela e senti o seu carinho como se a conhecesse desde sempre. Não há como descrever a alegria que senti.
Aquela desconhecida, já de idade avançada e viúva, tinha chegado para ser a minha mãe!! Obrigada minha querida Maria Alice , por seres A minha mãe!"
Bem me parecia que já tinha lido este texto :)Lala minha querida, desde que voltei à blogosfera(sim, miraculosamente, ofereceram-me um portátil e cá voltei, com blogue novo praí há dois meses!!) que ainda não tinhas publicado nada... Já conhecia esta tua história que já tinhas partilhado e é uma óptima participação no tema deste mês da fábrica. As mães que dão à luz com o coração, são especiais,sempre... Um grande beijinho para ti e para a tua filhota! E aparece no novo espacinho, que o bar continua aberto!!!! :)
ResponderEliminarLala esta história, da vida real, faz-me chorar cada vez que a leio. Chorar porquê se é uma história de felicidade (sente-se felicidade na tua maneira de falar)? Porque conheço essa aldeia de que falas, fui lá algumas vezes, cruzei-me de carro muitas vezes com as crianças que lá viviam, eu a caminho do trabalho (para a cidade) e elas a caminho da escola(em sentido contrário ao meu). Eram crianças felizes. Nem sempre se chora de tristeza, também se chora de alegria e haver neste mundo alguém que põe a sua vida à disposição dos outros e consegue fazê-las felizes é de louvar, emociona. Este mundo é tão egoísta. Dá um beijinho grande à tua Mãe. Espero que ela esteja bem. Um beijinho para ti também.
ResponderEliminarTexto lindíssimo, ditado pelo coração...
ResponderEliminarLi algures, não me recordo aonde, que os filhos biológicos crescem na barriga, e os adoptivos amadurecem no coração.É natural amar um filho que vem de dentro de nós.Amar um adoptivo, exige uma grande dádiva de amor, preparar o coração. Abençoadas sejam todas as mães, particularmente as adoptivas.
Olá,
ResponderEliminarQuem se sente órfão vai chorar ao ler o seu post... lindo demais!!!
Abraços fraternais
Beijinho Garota. Andas bem?
ResponderEliminarGarota mais um beijinho para ti e para a menina. Boa Páscoa e espero que estejas bem.
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